Se eu fosse criança seria mais fácil, penso, enquanto as lágrimas escorrem pelo meu rosto, tentando compreender a ausência da minha pequena companheira. Perdi minha cadelinha de estimação, e com ela, um pedaço do meu coração. Quando criança, a inocência me permitia enxergar o mundo de forma mais suave, as dores pareciam menos agudas, e a esperança sempre encontrava um caminho. Agora, como adulto, enfrento a realidade da perda com um peso que parece esmagar minha alma.
Ela não era apenas um animal de estimação; era minha amiga fiel, minha sombra constante, a ouvinte silenciosa de todas as minhas preocupações. Com ela, cada dia era uma aventura, um alívio das pressões do dia a dia. Seu olhar cheio de amor e lealdade era um lembrete constante do que é puro e bom neste mundo.
Sem ela, minha casa se tornou um lugar vazio, cada canto um lembrete da sua ausência. Eu daria qualquer coisa para ouvir novamente o som dos seus passos seguindo os meus, para sentir sua presença reconfortante ao meu lado. Mas a realidade é dura e, ao invés disso, me encontro mergulhado em lembranças, agarrando-me à esperança irracional de que ele possa voltar.
O espaço antes repleto de seus brinquedos de pelúcia, seus potes de ração e água, sua bagunça, dão lugar a um corredor hoje vazio e sem vida. Olhar esse espaço em minha casa todos os dias dói demais.
Se eu fosse criança, talvez pudesse chorar e esperar que, ao abrir os olhos, tudo não passasse de um pesadelo. Mas a vida adulta me ensinou que certas perdas são definitivas, e que devo aprender a conviver com esse vazio. Ainda assim, em meu coração, permito-me sonhar que, de alguma forma, minha amada amiga e eu nos reencontraremos. Até lá, guardo cada memória nossa como um tesouro, uma ponte para os dias mais felizes que compartilhamos.
José de Sousa Magalhães