Acordo sete horas, chego a tempo?

O mês de abril passou tão rápido.

Aquele corpo escultural na minha cama

Noite passada, não pode ser tão fácil.

Escovo os dentes, ainda fico a pensar

Será que tudo isso foi real? Não lembro.

Ajeito-me apressado, preciso correr

A ideia fixa me deixa sem a noção do tempo.

Eu a vejo lá, tomando café

Fizera quatro torradas, duas para si.

Meus olhos se hipnotizam, que isso?

Sou prendada! Ham!” – Sério, eu vi.

Sentei à mesa folheando o jornal,

Nada se importando, só política e bolsa,

Ela já se maquiando, aqueles olhos,

Não moldei de novo, coçando o nariz, coça.

Novas empresas capitalizando-se, um beijo

O rádio tocando uma canção, novo beijo

O presidente adotando uma postura, outro beijo

De paletó e gravata prontos, contando beijos.

Ela loira, revisava os e-mails mais importantes,

Aqueles 1,70m que podiam fazer um homem chorar.

Ela calçava o salto, eu arrumava a pasta.

Bons negócios amor”, a mente não podia acreditar.

Fui com meu carro, uma Mercedes incrível.

Ela saiu com o dela e prometíamos um bom dia,

Olhava tudo mais atento e entendia que era rotina,

Trânsito cheio, São Paulo, tudo isso combina.

Aos poucos refletindo quem pensava quem eu era.

Dos sonhos se formavam um menino de bicicleta.

Estudei, batalhei, fiz networking, sorte quem me dera,

Talento e foi tudo fruto de trabalho duro e de metas.

Um prédio elegante e bonito, ali eu trabalhava,

Eram 37 pessoas para apenas uma vaga.

Após uma prova, dinâmica e muita conversa

Escolhido, consegui o “sim”, foram 15 chances negadas.

O dinheiro é complicado, convencer também.

Aprende-se no caminho, não no início ou no fim.

A loira me mandou mensagem: “bom trabalho”,

Eu te mando esse poema falando sobre mim.

Totalmente diferente daquelas poesias caseiras,

Essa ficou mais profissional perante o eu lírico.

Perdoe-me a ênfase nessa poesia de primavera,

É que o amor dessa mulher virou meu vício.

O dia pela manhã era resumido em papel e café,

Até o almoço, só havia teimosia à parmeggiana.

Se no trabalho eu teimo, insisto, bato o pé,

Em casa, essa loira é mais rápida que Sartana.

Meu celular vibra mais depois das 10h, antes de reuniões.

Não tem segredo, é o mesmo endereço, é o que vejo.

No meu coração não há existe espaço para paixões,

Trabalho muito, haja vitamina, estoque de desejo.

Depois do apreciado almoço, faço checagem de mensagens,

Checagem e-mails, produtos, serviços, cotações.

Se aborreço-me com a bolsa através de miragens,

Fico em silêncio pensando com meus botões.

E sempre finalizo com minha oração.

Agradeço ao arquiteto do universo pela oportunidade.

Ficar em paz consigo mesmo, não levar para o coração

Faz parte de todo o processo, ter humildade.

By Thales Kroth de Souza

Thales Kroth de Souza é um executivo millenial, Sócio da Eu Acionista, Analista Financeiro na Top Cold, compositor e pesquisador acadêmico. Possui Graduações em Gestão Financeira (UNISINOS) e em Administração (ULBRA), Pós-graduações em Gestão Estratégica de Pessoas (FEEVALE), Finanças e Educação Financeira (UNISINOS), Inteligência de Negócios (ULBRA) e em Conselheiro de Sociedade Cooperativas (UCS), certificado Conselheiro de Administração (PUC-PR), Aperfeiçoamentos na área de educação e 28 créditos para Mestrado. Colunista sobre finanças, tecnologia, negócios e mercados.

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