Atualmente, nós brasileiros estamos vivendo uma situação dupla. Por um lado existem aqueles que acreditam na mudança através da crítica e da razão, outra parte da população utiliza a crítica e a razão para desacreditar da atual situação do nosso país. Enquanto alguns acham que precisamos construir algo, outros acreditam que devemos desconstruir para poder reconstruir de forma diferente. Esse dúbio conflito vivido por nós, aqui no Brasil, acaba refletindo no modo como alguns se comportam nas redes sociais. O que se vê atualmente na internet é um verdadeiro show de desinformações, na sua maioria notícias falsas, refletindo o modus operandi descrito por George Orwell em seu livro, Nineteen Eighty-Four, publicado em 1949, onde; em uma sociedade em que as pessoas são proibidas de pensar sozinhas, a figura de um grande irmão domina a vontade e o desejo de todos através do controle total. Boa parte dos brasileiros se acostumou com a ideia de que são pessoas livres, que desfrutam de uma convivência social “teoricamente saudável” e “supostamente crítica”, mas diante de uma imensa incapacidade de criação movida pelo famoso “copia e cola” das frases repetidas que costumamos ler a todo momento nos murais do Facebook, Twitter e Instagram, traz uma limitação no modo de ser, agir e pensar dessas pessoas. Através da nossa situação irresoluta, boa parte da população chegou ao ponto de hostilizar a vacina contra a Covid-19, doença que já matou milhões em todo mundo e só aqui no Brasil já ceifou a vida de mais de 600 mil. Uma minoria, porém significativa, incorporou o negacionismo como forma de vida e de pensamento crítico. Essa parte da população passou a acreditar que é possível negar a existência de algo que realmente existe, como se isso tivesse alguma lógica, e que é extremamente nocivo para toda a sociedade. Em nome de uma teimosia mental, esse seleto grupo coloca em risco a vida de pessoas inocentes, próximas a ele, como os filhos e os que possuem uma saúde física mais vulnerável, por exemplo, quando deixa de lado a orientação da ciência e alimenta a hipocrisia do achismo ligada aos tratamentos alternativos contra a doença, como o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina, que já deixaram de ser usadas de forma unânime por todos os países do mundo. Esses milhões de brasileiros, fieis aos princípios do grande irmão da modernidade, alimentam a teimosia de forma irresponsável, como se a vida humana não valesse absolutamente nada. Nunca na história do Brasil se viveu uma situação tão duvidosa como a que estamos vivendo no momento. A verdade é uma só, boa parte da população vive em uma corda bamba, procurando se equilibrar através do resultado dos erros, da incapacidade de empatia e da falta de uma articulação social coerente. Entre o construir e o desconstruir, o acreditar e o desacreditar, está o comedimento social que esse povo tanto procura através dos extremos, como se a extremidade de algo pudesse trazer algum tipo de equilíbrio. Embora existam diferenças, e realmente elas devem existir, somos acima de tudo pessoas com personalidades diferentes, mas com um propósito único, descer da corda bamba antes que seja tarde demais.

Os dois lados da mesma moeda por Flávio Lopes Barbosa

By Flávio Lopes Barbosa

Flávio Lopes Barbosa é escritor, psicólogo, professor e diretor do portal o menestrel. Nasceu em São Paulo – Capital onde reside atualmente. Formado em psicologia clínica pela Universidade São Marcos, tem formação em letras pela Universidade Nove de Julho, lato sensu em tradutor e interprete da língua inglesa pela Universidade Nove de Julho, lato sensu em psicologia do trânsito pelo Centro Universitário Celso Lisboa, curso de psicanálise infantil pela Universidade Federal de São Paulo e especialização em dependência química. Lecionou durante anos como professor universitário na Universidade Nove de Julho. Iniciou sua carreira como escritor se dedicando a uma escrita técnica e científica. Atualmente trabalha como psicólogo do trânsito junto ao Detran SP e escreve contos de terror psicológico. Possui nove livros publicados, gosta de abordar temas polêmicos e críticos em seus artigos, normalmente voltados para área pessoal e social.

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